" Quando cheguei em Londres (04/03/2010) estava muito frio e por isso não conseguia treinar nos parques (outdoor) para a ultramaratona na Holanda (Ultralopen Steenbergen 24 horas) que aconteceria nos dias 08 e 09 de maio de 2010. Como alternativa, me matriculei em uma academia e passei a correr na esteira. Na terceira semana de treinamento, rodei 30 km numa quinta feira e 45km na sexta. Ao término desse treino, senti fortes dores na perna esquerda (já era uma inflamação causada pela falta de costume ao piso da esteira). Em decorrência dessa lesão, fiquei três semanas sem correr, apenas nadando e malhando (para manutenção). Ao final desse período (faltando 4 semanas para a prova) e depois de ingerir muito antiflamatório, dei continuidade aos treinos, iniciando-os com leves trotes nos parques, o que já era possível já que a temperatura estava relativamente suportável.
Entretanto, infelizmente, o treinamento não durou nem duas semanas, pois contraí uma forte gripe. A essa altura, já não tinha mais tempo de correr atrás do prejuízo. Na semana da prova, dei dois trotezinhos na esteira, de 10 km cada (um na terça e o outro na quarta) e pensei: seja lá o que Deus quiser.
Tenho que admitir que tudo isso me aborreceu muito, pois eu pensava no investimento financeiro, no fato de ser a minha primeira prova na modalidade 24 horas, no bom treinamento de base feito ainda no Brasil (elaborado pela minha grande treinadora Dra. Geovana Coiceiro), na minha preparação psicológica etc.
Mesmo diante desse quadro, lá fui eu (acompanhado da Patricia, minha mulher) rumo a Steembergen (cidadezinha no interior da Holanda) cumprir o meu objetivo.
O evento começou numa temperatura de aproximadamente 8 graus e durante o primeiro dia chovia e ventava muito, diminuindo ainda mais a sensação térmica. Com menos de 30 quilômetros de prova, o fantasma da desistência já assombrava a minha mente, uma vez que a temperatura estava quase que insuportável e o meu corpo completamente contraído, acarretando fortes dores musculares na posterior da coxa e no iliopsoas. Nesse momento falei para a Patricia: “Até os mais fortes e famosos ultramarotonistas desistem, por que eu não posso desistir?” A minha mulher me respondeu com um profundo silêncio (não sei de devido ao frio... à situação...) e isso me fez não desistir da prova.
Aos poucos fui trabalhando a minha cabeça e durante a madrugada, mesmo com a temperatura muito baixa, fui melhorando o meu desempenho. Surpreendentemente, comecei a ganhar colocação até que cheguei ao 3º lugar, faltando ainda aproximadamente 8 horas para o término da prova. A partir de então, minha única preocupação era em relação ao atleta holandês que estava “na minha cola”. Graças a Deus, me mantive nessa posição, finalizando a prova com um total de 193 quilômetros percorridos, assegurando a terceira colocação no pódium (vide foto em anexo).
Aos poucos fui trabalhando a minha cabeça e durante a madrugada, mesmo com a temperatura muito baixa, fui melhorando o meu desempenho. Surpreendentemente, comecei a ganhar colocação até que cheguei ao 3º lugar, faltando ainda aproximadamente 8 horas para o término da prova. A partir de então, minha única preocupação era em relação ao atleta holandês que estava “na minha cola”. Graças a Deus, me mantive nessa posição, finalizando a prova com um total de 193 quilômetros percorridos, assegurando a terceira colocação no pódium (vide foto em anexo).
A prova teve início no dia 08/05/2010, às 15:00, terminando às 15:00 do dia seguinte (09/05). Participaram 36 atletas, dos quais 70% eram holandeses. Todo o percurso de 2.092 metros (cada volta) foi realizado dentro de um parque.
Estou muito feliz por essa conquista e por ter superado todas as dificuldades"
